De volta para casa - O que esperar no retorno da maternidade?
- nay kelly
- 7 de nov. de 2016
- 4 min de leitura
O dia em que retornamos da maternidade para casa, é também o dia em que a ficha cai de verdade. Até então estávamos cercadas de profissionais da saúde. Cuidados essenciais tanto para a mãe como para o bebê.
Em casa a mãe de primeira viagem está sozinha em seu papel. Por mais que haja a ajuda de outras pessoas, ela sabe que o papel principal é dela. Começa assim a fase que considero a mais difícil que já passei em toda minha vida.
De repente você se vê em uma rotina, ou a falta dela, no caso de muitas mães, onde você simplesmente parece que caiu em um tornado, e pensa "meu Deus, ser mãe é assim?". Você acha que não vai dar conta, que tudo é muito difícil e que nada está em seu controle. Vou explicar os motivos:
* Depois de um dia exaustivo, chega a hora de dormir. Bebê arrumadinho, cheirosinho e com barriguinha cheia. Todos na cama, Duas horas depois, amamentar por pelo menos meia hora. O bebê mama segundos e dorme, e você precisa ficar ali insistindo, acordando ele, cutucando seu rostinho para incentivá-lo. Acredito que o quentinho do colo favoreça esses cochilos (risos). Depois de muitos esforços é hora do bebê arrotar em pé no ombro. Então passa 10 min., 15 min., 30 min., e nada. Quando você desiste e coloca o bebê no berço, você não dorme de preocupação dele golfar e sufocar, então acaba esperando a boa vontade do arroto aparecer pacientemente. Ao retornar para o berço, já se passaram quase 1 hora. Para os meninos que mamam mais do que as meninas (2 em 2 horas) você só terá mais uma hora de sono antes de começar tudo de novo;
* As trocas de fraldas ocorrem mais ou menos assim no início, você troca e em seguida troca novamente, porque é muito cocô. Não dá tempo de ter fraldas super cheias, vazando de xixi. Isso só vai ocorrer bem depois. Ah! a noite também isso ocorre com certa frequência. Uma vez eu li que a mãe tem uma vida muito solitária. Nesta época da vida eu concordei com essa citação, pois tinha impressão que só eu estava acordada na imensidão do silêncio e da escuridão das madrugadas;
* A amamentação é outro tópico forte. Nunca vou conseguir expressar em palavras a grandeza que é amamentar seu filho no peito. Não existe nada melhor do que ver o rostinho dele, a boquinha sugando, a mãozinha te tocando. Se não fosse a sensação mais maravilhosa de todas, mulher nenhuma amamentaria, porque dói como se tivesse sendo castigada.
Ocorre mais ou menos assim: o peito enche, o bebê não da conta de mamar tudo, empedra, você não consegue nem encostar neles, nem virar na cama e precisa ordenhar, que por sua vez dói demais também, meu Deus! O bico do peito parece que vai cair. Racha, sangra, machuca e dói de matar. Nesta fase muitas mulheres desistem e partem para a mamadeira. Não julgo elas, porque sei o sofrimento que é.
Ainda não falei que quando o peito está cheio ele começa a vazar. Enquanto o bebê mama em um seio o outro também começa a vazar o leite, e você percebe que não colocou nenhum absorvente nele. Resultado, pijama molhado, bebê molhado, sutiã molhado, enfim, tudo molhado, pois simplesmente esguicha leite na outra teta. Na teoria é tudo perfeito, mas na prática você fica doida;
* Você não tem tempo para nada mais e precisa definir qual as prioridades para dar conta do que é realmente necessário. Quando o bebê dorme você escolhe: se dorme também, se toma banho, se come, se bebe, se vai no banheiro, se arruma as coisas dele (considerando que tudo está golfado, cagado ou mijado, entende-se que tem muitas coisas para serem arrumadas), se vê uma televisão ou um computador, se arruma a cozinha, ou outras mil coisas que precisam de arrumação. Quando você decide o que vai fazer, o bebê acordou, não porque você demorou, mas porque é assim mesmo, só dormem bem se estiverem no colo. Já ouviu alguém dizer que no berço tem espinhos? Pois é, não sei se tem, o que sei é que o colo da mãe com certeza é melhor;
* Seu psicológico é o que mais balança. Você está com medo de falhar como mãe (o bebê engasgar, o bebê sufocar, se não mamar suficiente), seu corpo está irreconhecível (barriga flácida, peito estufado, acima do peso, olheiras), com receio de ser rejeitada pelo companheiro devido as mudanças, sem conseguir administrar seu tempo e com os sentimentos a flor da pele. Me lembro que eu sentia que amava tanto meu filho, que queria colocá-lo dentro de mim novamente, para protegê-lo. Eu sentia euforia por tê-lo comigo e tristeza por ter colocado ele neste mundo tão cruel. Eu pensava que nunca ia conseguir amar ninguém mais além dele, que todo o amor que tinha dentro de mim era dele. Eu tinha medo de falhar com ele mesmo sem querer. Tinha pavor de adoecer e não estar disponível para ele. Gente! é uma viagem louca. Seus hormônios, sua mente, seu corpo, todos a mil por hora, se adaptando, voltando ao lugar correto.
Apesar de todas essas mudanças e eventos assustadores, você a cada minuto pensa como é a mulher mais feliz deste mundo. Talvez aquele famoso ditado fizesse mais sentido neste momento: "Ser mãe é padecer no paraíso".
Hoje eu diria para quem está passando por este momento para terem calma, pois um dia tudo entrará nos eixos. Você conseguirá domar a situação como se doma uma fera. E quando isso acontecer você saberá, porque surgirá em sua mente uma pergunta surpreendente: Não seria hora de ter mais um filho? (risos)
E você? qual a sua experiência?
O blog da Nay Kelly terá o prazer de divulgar.
Observações: As questões apresentadas acima reflete de 80 a 90% da população das mães, de acordo com sites confiáveis de pesquisas, cujo cenário também me encaixo.
A presença da mãe, do pai do bebê, babá, empregada, etc, podem causar interferências positivas e/ ou negativas neste contexto.
Nay Kelly
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